Entrevista com o autor Antônio Schimeneck

Bom dia, pessoal! Como estão?
Demoramos para voltar com o post Entrevista com o autor, mas voltamos! É sempre muito bom saber um pouco mais sobre eles, não acham?
Hoje o escolhido foi Antônio Schimeneck, ele fala sobre o livro Por Trás das Cortinas, tá super bacana a entrevista! Confira abaixo:

Quando foi que percebeu que seria escritor?
Ser escritor é uma ideia muito nova na minha cabeça e, de certa forma, um tanto estranha. Sou de uma cidade pequena, do interior do estado, Tupanciretã. Na década de 80, quando iniciei meu período escolar, não havia, pelo menos nas séries iniciais, qualquer referência a essa profissão. A ditadura estava acabando, ninguém sabia direito o que podia ler, o que deveria ser trabalhado em sala de aula. Não lembro de ter feito algum trabalho escolar sobre livros literários, nunca foi um escritor na minha escola, não tinha feira de livro na cidade. Quer dizer, não era algo que despertasse a atenção: ser escritor… O contato com os livros surgiu ao ingressar no Ensino Fundamental II, na nova escola tinha biblioteca. Por acaso entrei naquela sala cheia de livros e a professora Maria Isabel, que trabalhava no local, me mostrou essa possibilidade e eu mergulhei nela. Até os 35 anos, pensei em ser apenas leitor. E isso me bastava. Trabalhei durante 11 anos na biblioteca do Marista Rosário de Porto Alegre. Um dia, uma turma falou sobre um fato acontecido no Brasil há um tempo atrás e que quase ninguém mais lembra. Conversamos muito naquele dia e prometi que procuraria no acervo obras que falassem do tema. Só que não encontrei quase nada. Naquele momento, uma personagem surgiu na minha cabeça, bem como todo um enredo. Resolvi escrever. Surgiu o embrião do meu primeiro livro. Dali em diante, os personagens não me deixaram mais em paz.

Quando foi escrito seu primeiro livro?
Meu primeiro livro surgiu como contei anteriormente, na biblioteca do Rosário. Em 2012, apresentei esse texto para a BesouroBox, que ficou interessada na história. Depois de amadurecer, reescrever, mexer, revisar, reelaborar, como é o processo de toda narrativa, no dia 14 de setembro de 2012, nasceu o livro Por trás das cortinas.

Quais escritores te influenciaram na época? E hoje?
Inicie minha vida de leitor com o escritor Ganymedes José. Li muito dele, a Coleção Vivi Pimenta, A inspetora (ele usou um codinome: Santos de Oliveira). Li também Pedro Bloch, a Coleção Vagalume. Mas a minha vida mudou quando, na 7ª série, não pude ir na escola por uma semana pois havia machucado o pé, a professora da biblioteca mandou uns livros para eu ler: Clarissa, Música ao longe e Um lugar ao sol, de Erico Verissimo. Descobri meu escritor favorito. Hoje, acompanho a escrita de muita gente. Entre os internacionais, destaco Carlos Ruiz Zafón e Neil Gaiman. Entre os brasileiros que fazem a minha cabeça estão: Rufatto, Altair Martins, Luiz Antônio de Assis Brasil, Michel Laub, Rosana Rios, Caio Riter, André Neves, só para citar alguns de uma lista bem grande dos autores que curto bastante e que acabam sendo referência e influenciando de alguma forma o modo como gosto de escrever.

Começar a escrever afetou sua vida?
Acho que qualquer atitude que tomamos vai influenciar nossa vida de alguma forma. Já trabalhava com leitores, com a Ama Livros distribuidora, através da contação de histórias e de atividades ligadas à literatura. Agora, continuo interagindo com eles, mas de forma diferente, como escritor. Então, não mudou tanto assim, mas aumentou a demanda de trabalho.

De onde surgiu a ideia para escrever o Por trás das cortinas:
A ideia surgiu no bate-papo mencionado acima. Foi realmente algo muito espontâneo. O roteiro foi aparecendo na minha mente e resolvi anotar e criar em cima dele.

Qual parte do livro é a sua favorita?
Gosto muito quando a Ana Júlia acorda de madrugada com um estalo na madeira antiga da casa. Ela está, a contragosto, numa casa desconhecida, herança que o pai recebeu de uma tia que ela não conheceu. A gente aprende na aula de ciências que esses barulhos são produzidos naturalmente, a madeira aquece de dia e, à noite, ao resfriar, provoca estalos, mas desconfio que é barulho de casa assombrada. Ela não pensou que fossem fantasmas, mas que a casa poderia estar ameaçada por bandidos, afinal, vivia em uma cidade grande, perigosa. Lembrou que não seria fácil abrir aquelas portas tão resistentes. Resolveu dar uma espiada. Acendeu a luz do abajur, espiou para o corredor que separava os dormitórios, a lua iluminava o ambiente. Caminhou pé ante pé até a grande janela que dava para os fundos da propriedade. Tudo normal, a não ser por uma luz, que ela vislumbrou pelas frestas do antigo galpão, subindo as escadas em direção ao sótão. Não precisa nem dizer que o susto foi grande e arrepiante.

Tem algo de real na história?
Toda a narrativa presente em Por trás das cortinas é inventada. Mas a temática é baseada na realidade. Tive amigos argentinos que precisaram fugir e deixar tudo de lado durante o regime militar naquele país. Foi um tormento de fugas e esconderijos. Os amigos da Ana Júlia são uma homenagem aos meus sobrinhos, mas nada do que está na história aconteceu com eles.

Conte-nos alguma curiosidade sobre o livro:
O nome do livro era para ser: Vou te contar um segredo. Chegando na besouro, o Marco Cena havia feito as ilustrações todas em torno do teatro, muito embora o texto não seja uma peça, o que ficou muito bom. Então pensamos, esse título não combina mais com esse projeto. E surgiu: Por trás das cortinas. Não poderia ser outro título!

E aí? Gostaram de saber um pouquinho mais sobre o autor e o livro?
Agradecemos muito ao Antônio Schimeneck, por nos dar o prazer de podermos estar mais pertinho dele e de sua obra!

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